Por que o desodorante funciona (ou não)? A química dos odores

Por que o desodorante funciona (ou não)? O suor em si é, em sua maioria, inodoro. Ele é composto por água, sal e outras substâncias.
O problema surge quando bactérias presentes na nossa pele entram em ação, decompondo o suor.
Esse processo de decomposição gera compostos voláteis que percebemos como odor. Esses compostos são, principalmente, ácidos graxos de cadeia curta.
A região das axilas, em particular, possui uma alta concentração de glândulas apócrinas.
Elas secretam um suor rico em proteínas e lipídeos, um verdadeiro banquete para as bactérias. É essa combinação que cria o ambiente perfeito para o odor corporal se manifestar. Por isso, não basta apenas suar; o odor é o resultado da interação química.
A Alquimia dos Antitranspirantes e Desodorantes
Para combater esse problema, a indústria desenvolveu dois tipos principais de produtos. O antitranspirante age de forma mais radical.
Ele utiliza sais de alumínio que, ao se misturarem com o suor, formam um gel. Esse gel temporariamente obstrui os dutos das glândulas sudoríparas.
O objetivo é reduzir a quantidade de suor que atinge a superfície da pele.
Já o desodorante, por sua vez, tem um foco diferente. Sua principal função não é impedir o suor, mas sim combater as bactérias.
Muitos desodorantes contêm agentes antimicrobianos, como o triclosan (embora seu uso tenha diminuído) ou álcool.
Esses ingredientes eliminam ou inibem o crescimento das bactérias.
Adicionalmente, eles frequentemente contêm fragrâncias para mascarar qualquer odor remanescente.
Por que o desodorante funciona (ou não)? A química por trás de cada fórmula
A eficácia desses produtos varia amplamente, e isso se deve à complexa interação entre a nossa biologia individual e a composição do produto.
Por exemplo, a flora bacteriana de uma pessoa é única.
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O que funciona bem para um indivíduo pode ser ineficaz para outro, pois ele pode ter uma população bacteriana diferente que é mais resistente a certos ingredientes.
Um exemplo prático disso é a observação do efeito do álcool em desodorantes.
Para alguns, ele pode ser extremamente eficaz ao matar bactérias, mas para outros, pode ressecar a pele e causar irritação, levando a uma interrupção no uso e, consequentemente, à volta do odor.
A química é uma via de mão dupla.
A analogia da orquestra de odores
Para entender melhor essa dinâmica, pense em nosso corpo como uma orquestra. O suor seria os músicos, prontos para tocar.
As bactérias são o maestro, que transforma a matéria-prima (o suor) em uma melodia (o odor).
Um antitranspirante seria como fechar o salão de concertos, impedindo os músicos de entrarem.
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Já um desodorante é como demitir o maestro, mantendo os músicos (o suor) em espera, mas sem a direção que causa a “música” indesejada.
É por essa razão que o desodorante funciona (ou não), dependendo da abordagem.

Mitos e verdades sobre o uso de desodorantes
Muitos mitos cercam o uso de desodorantes e antitranspirantes. Um dos mais persistentes é a associação direta entre antitranspirantes com sais de alumínio e o câncer de mama.
A Sociedade Americana do Câncer e a FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos afirmam que não há evidências científicas sólidas que comprovem essa ligação.
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A Sociedade Brasileira de Dermatologia também esclarece que, embora os sais de alumínio possam causar irritação em algumas pessoas, não há comprovação de que eles causem doenças graves.
A ciência, nesse caso, é bem clara e baseada em evidências. Por isso, a escolha do produto deve ser orientada por sua eficácia e tolerância individual.
A verdade é que a química dos produtos é segura para a maioria das pessoas.
Fatores que Afetam a Eficácia do Desodorante
Por que o desodorante funciona (ou não)? Existem inúmeros fatores que contribuem para isso, desde a nossa genética até a dieta.
A composição do nosso suor pode mudar com a alimentação. Por exemplo, uma dieta rica em alho ou especiarias pode alterar o odor corporal.
Além disso, o estresse e as alterações hormonais, como as que ocorrem na adolescência ou na menopausa, podem influenciar a quantidade de suor e sua composição.
Um exemplo notável é a variação da eficácia de um desodorante em diferentes estações do ano.
No verão, com o aumento da transpiração, o produto pode não ter a mesma duração ou eficácia de combate ao odor do que no inverno.
Isso acontece porque o volume maior de suor pode diluir os ingredientes ativos mais rapidamente.
A tabela abaixo ilustra alguns fatores comuns que impactam a performance do desodorante.
Fator | Impacto na eficácia |
Genética | Determina a composição da flora bacteriana e a quantidade de suor. |
Dieta | Certos alimentos podem alterar a composição química do suor. |
Estresse | Aumenta a produção de suor nas glândulas apócrinas, o que pode exacerbar o odor. |
Hormônios | Flutuações hormonais podem influenciar a quantidade e o tipo de suor. |
Ambiente | Temperaturas e umidade elevadas aumentam a transpiração e a proliferação de bactérias. |

Uma pesquisa publicada no Journal of Investigative Dermatology, em 2024, destacou que cerca de 85% da população global de adultos jovens utiliza algum tipo de desodorante ou antitranspirante regularmente.
Isso reforça a relevância do tema e a necessidade de entender a química dos odores para fazer escolhas informadas.
A busca por alternativas e a sustentabilidade
O mercado de desodorantes está em constante evolução. Além das fórmulas tradicionais, surgem opções sem sais de alumínio, desodorantes naturais e até probióticos.
Esses produtos buscam combater as bactérias de formas alternativas, como com óleos essenciais ou o uso de probióticos para equilibrar a flora bacteriana da pele.
A química desses novos produtos é igualmente fascinante. Por que o desodorante funciona (ou não)? A resposta muitas vezes está na inovação.
Um desodorante natural, por exemplo, pode usar o bicarbonato de sódio para criar um pH alcalino, tornando o ambiente inóspito para as bactérias.
Outros usam óleos essenciais, como o tea tree, que tem propriedades antimicrobianas comprovadas.
O mercado está se adaptando às demandas dos consumidores por produtos mais conscientes.
A ciência da escolha
Em última análise, Por que o desodorante funciona (ou não)? A resposta é multifacetada.
Ela reside na nossa biologia única, na composição química do produto e em como esses dois fatores interagem.
A escolha do desodorante ideal é uma jornada pessoal, que pode envolver tentativa e erro, mas que se torna mais eficaz com o conhecimento da ciência por trás dele.
A publicidade pode prometer maravilhas, mas a verdadeira eficácia se encontra no laboratório de nossa própria pele.
Então, da próxima vez que você se perguntar se o seu desodorante está funcionando, lembre-se: a resposta está na química.
Será que não é hora de olhar a composição do seu desodorante com mais atenção?
Dúvidas Frequentes
1. Desodorante e antitranspirante são a mesma coisa?
Não. Antitranspirante age para reduzir a produção de suor, enquanto o desodorante combate as bactérias que causam o odor.
2. Desodorantes naturais são mais eficazes?
A eficácia dos desodorantes naturais varia de pessoa para pessoa.
Eles dependem de ingredientes como bicarbonato de sódio e óleos essenciais, que podem ser eficazes, mas também podem causar irritação em alguns tipos de pele.
3. O suor é o verdadeiro vilão?
O suor em si não tem cheiro. O odor é causado pela ação de bactérias na pele, que se alimentam do suor e liberam compostos voláteis.
4. O uso de antitranspirante pode entupir os poros?
Sim, a função dos sais de alumínio nos antitranspirantes é justamente obstruir temporariamente os dutos das glândulas sudoríparas para reduzir a quantidade de suor na superfície da pele.
5. É necessário usar desodorante todos os dias?
A necessidade de usar desodorante diariamente depende da sua biologia e de fatores como atividade física, clima e estresse.
Para a maioria das pessoas, o uso diário é recomendado para evitar o odor.
Outra fonte: Desodorante natural ou antitranspirante: qual é mais saudável?